segunda-feira, 7 de junho de 2010

Winter Blues



A resistência das folhas em esperar o outono me comove.
Tenho observado essa luta diária em se manter no galho ainda que chova, ainda que faça frio, ainda que uma porção de outros aindas apareçam. Me sinto fraco.
Chegou o dia de admitir que não consegui. Que não importa o quanto tenha lutado, estou vencido, que meus ideais de vida programáveis não se sustentavam e haverei de voltar.
Hoje não atendi os telefonemas, se quer olhei para ver quem era... Acordei com o calor irremediável da derrota no colo. (ainda que as folhas persistam).
Tentei camuflar-me entre eles, até pus roupas que me misturavam à maré ilesa, mas meus 'tus' deflagraram a longa viagem a que me submeti para estar aqui.
Nas manhãs observo as centenas de pernas que cruzam minha rua. Apressadas, admitem seus empregos definitivos de carteira assinada e férias remuneradas.
A remela nos meus olhos, que me atrapalham a visão deflagram minha incapacidade de alcançar aquelas pernas. Meu pijama cheira a fracasso e ainda estou vivo, mas desistindo de esperar o outono no galho.
Hoje não abri as cartas, se quer sei quem as me enviou, não chequei centenas de vezes a caixa de e-mail à espera de uma resposta. Estou descrente!
Se quer consigo chorar por isso.
NÃO QUERIA VOLTAR! Não queria admitir para mim mesmo que tenho raízes profundas e que me impedem de seguir a diante. Mas é como se não tivesse partido. Que vitórias me foram entregues? Que medalhas me foram colocadas no peito?
A bravura de ter sobrevivido à distância familiar me enche de tédio! E já não suporto ouvir que sou homem porque sobrevivi à solidão! ESTOU TRISTE... Triste por perceber que não importa o quanto tenha nadado, o mar está me tragando. Não importa o quanto tenha corrido, não saí do quintal.
Vivo um simulacro de liberdade domada pelas cifras de meu pai e me chamo de Homem. Que merda de homem é esse que se quer consegue garantir a si o sustento da folha no galho, pelo menos até que o outono chegue?
Não, o frio não nos causa delírios como o calor. O frio serve de colírio para os nossos olhos, para que vejamos o real indizível, inefável, segredado por nossas amarguras infindas na noite!
Estou triste porque a volta ao início é inevitável e nem se quer consegui semear meus próprios grãos nessa terra que me disse: Fica!

2 comentários:

Ana Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Paula disse...

Traduz muita coisa... tenho medo de me reconhecer em suas palavras... de qualquer forma, parabéns pela tradução do real em palavras... beijo
Ana Paula Queiroz